segunda-feira, 5 de abril de 2010

Uma leitura...


Li outro dia um texto que explicava a importância dos clássicos no que concerne a literatura, segundo o autor as definições para um clássico são relativas e uma delas indica um clássico como uma obra que produz sentimentos diversos a cada leitura. Baseado neste ponto de vista posso dizer que a coletanea de cronicas O Mundo é Bárbaro (Veríssimo, Luís Fernando - Objetiva - 2008) é um clássico em minha interpretação. Na primeira vez que o li admito que que me senti decepcionado, principalmente após adquirir e ler outras de suas obras como A Mesa Voadora, Sexo na Cabeça, Mentiras que os Homens Contam, etc. O problema é que o Veríssimo possui como sua principal característica o estilo bem humorado para falar de assuntos cotidianos (eu arriscaria dizer que é uma versão descontraída de Nelson Rodrigues), e neste livro foram reunidos textos seus com um tom mais critico e sério, onde são tratados assuntos mais como política, economia e questões sociais. Há ali o bom humor em algumas ocasiões, ainda que embutido e as vezes subliminar, mas é evidente a distancia desta obra para as outras investidas do autor, e isto pesou em minha opinião na primeira leitura, que realizei no ano do lançamento, 2008. Na ultima semana decidi reler os textos e me vi tendo uma imagem totalmente diferente do direcionamento tomado pelo autor. O estranhamento causado pela ausência do bom humor e da descontração sumiu frente a uma nova visão do autor. Assuntos como a política externa norte americana, o crescimento astronômico chinês, questões históricas e raciais, corrupção e outras maselas de nosso país (estes, tópicos tão cotidianos como qualquer outro assunto abordado em outras obras deste autor) fluem de forma peculiar na visão de Veríssimo, envoltas em criticas ácidas e reflexões bem fundamentadas. Recomendo a leitura desta e das demais obras que citei aqui, Luís Fernando Veríssimo produz o que há de mais interessante atualmente na literatura brasileira em minha pouco convencional opinião e não é a toa que o todo poderoso Paulo Coelho perdeu o status de estrela mor da editora para o autor gaúcho. Leiam o que puderem e comentem aqui o que acharam.

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